Longa argentino começa cambaleando, mas consegue crescer a partir da segunda metade
Quem for amante de filmes de temática LGBT, logo nos primeiros minutos certamente terá a impressão de já conhecer a história que se passa em “Um Loiro”. Nele, Gabriel se muda para a casa de Juan, onde os dois desenvolvem um pseudorelacionamento muito similar ao que foi visto no britânico “Weekend”.
Gabriel é um rapaz calado, sensível e retraído, assim como Russell, de “Weekend”. Já Juan se assemelha a Glenn pela autoconfiança e egoísmo, mas se distancia do personagem do filme britânico quando se mostra preso no armário, não querendo que os outros saibam de sua sexualidade por conveniência de se passar por hétero. Se em “Weekend” a relação de Russell e Glenn é, pelo menos por um momento, recíproca, no argentino “Um Loiro” Gabriel e Juan possuem algo mais complexo e problemático.
As várias mudanças de ambientação expõem a falta de diálogos interessantes entre os personagens. Ficamos à espreita percebendo a atração sexual que existe entre um e outro e que aparentemente demorará a se manifestar. E até que somos surpreendidos, em um momento inesperado.
A trama segue nos mostrando o aprofundamento dessa relação, pelo menos da parte de Gabriel, quando ele troca suas prioridades e deixa de ir visitar sua filha, com a qual tem os melhores diálogos do filme, para passar o final de semana em casa com Juan, que é capaz de não somente dizer que não está disposto a entrar em algo sólido, como também de agir sem a menor preocupação em magoar o outro.
Existe um acerto em fazer com que o espectador torça pelo casal, mas que depois se torna em revolta. Como é possível que Gabriel, alguém tão amável, se apaixone e seja submisso a Juan, que usa pessoas para satisfazer os próprios desejos? Inexplicável, assim como na vida real. A partir da segunda metade sentimos como é terrível e angustiante quando o afeto não é retribuído no mesmo sentido.
O final fica entre o inédito e o clichê, tendo novamente um ótimo diálogo entre Gabriel e sua filha Ornellas. Esse talvez seja o diálogo que salvou o filme.
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