Apedrejado por crítica e audiência, filme de Carlos Torres é um injustiçado em meio a tantas porcarias no catálogo da Netflix
Ao receber uma indicação de um amigo para assistir “El Practicante”(2020), confesso que me assustei com as notas que o filme recebeu em sites como Filmow e Rotten Tomatoes. A obra foi praticamente escorraçada tanto pela crítica especializada quanto pela audiência. Mesmo com essa expectativa baixa, resolvi dar uma chance ao filme dirigido por Carlos Torres. E não me arrependi.
Na história, Angel é um paramédico que fica paraplégico após um acidente de trabalho. Sua nova condição vem acompanhada da ideia de que sua esposa Vane está sendo infiel. Essa desconfiança faz com que o protagonista entre em uma paranoia difícil de sair e seu desejo de ter um filho o faz perder o sentido do que é e do que não é real.
Muitas das críticas que li dizem que o filme é “mais do mesmo” e “clichê”. Não é verdade. Na obra, Angel é um homem abusivo, tóxico e dominador, e que não muda de personalidade após ficar fadado a uma cadeira de rodas. Pelo contrário, sua personalidade negativa se intensifica e é muito interessante perceber que mesmo com uma enorme limitação ele consegue domar todos os que estão à sua volta.
Ao desconfiar que está sendo traído, Angel instala um aplicativo no celular de Vane para que ele possa a espionar. Com acesso a suas mensagens, câmera e GPS, seu controle sobre sua esposa se mantém por um tempo até ela descobrir o app espião e imediatamente ir embora do apartamento dos dois sem deixar recado.
Mesmo depois de um tempo onde Vane já está vivendo outra vida, com outro namorado e grávida dele, Angel consegue retornar e persuadir a ex-parceira para o seu apartamento, onde, mesmo em uma cadeira de rodas, a prende em cárcere privado.
Mario Casas, que dá vida a Angel, tem atuação irretocável, conseguindo se sobressair em um elenco que não faz feio. A história tem algumas reviravoltas e surpresas, que conseguem entreter. Crítica e audiência parecem ter baseado suas notas na personalidade do protagonista, e não no filme em si. A obra destoa bastante do que a Netflix vem entregando, e seu público não está acostumado.

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