Livro de estreia de Fernanda Young apresenta muito potencial mas chega ao final deixando um sentimento de que falta algo
Logo depois de ter lido (e amado!) “O Pau” de Fernanda Young, fui atrás de mais obras da escritora, isso com muita vontade. Entre os títulos que encontrei, optei por “Vergonha dos Pés”, pois me senti atraído pelo título e pela sua descrição no site da livraria.
Nessa obra, Ana é uma aspirante a escritora e estudante de Letras que, não vendo mais sentido em frequentar as aulas e querendo se dedicar ao primeiro livro, finge uma dor crônica nas costas e consegue dispensa da Universidade para tratar seu problema em sessões de fisioterapia.
Entre a fisioterapia e períodos e puro ócio, Ana pensa na história que quer escrever. Trata-se da trama de Lívia, casada com Jonas, um famoso arquiteto, e de sua melhor amiga Mirna. Apesar se arquitetada, a história na cabeça de Ana jamais encontra o papel. Em sua vida real, Ana começa um namoro de altos e baixos com Jaime e vive uma amizade forte com Elisa.
É preciso dizer que Ana possui uma personalidade irritante que em nenhum momento leva o leitor a sentir algo próximo de empatia ou identificação com ela. Sempre com uma postura de deboche para com as pessoas, diz que não dá a mínima para elas, ao mesmo tempo que demonstra buscar aceitação.
Ana não economiza em menosprezar homens afeminados, demonstrar seu ódio aos suburbanos, ridicularizar a sensibilidade de namorados e diminuir as conquistas do seu parceiro. Frequentemente se comunica com palavrões, infantilmente acreditando se tratar de um ato libertário.
Entre as histórias dentro do livro que foram pouco exploradas pela autora, estão a rejeição que Ana sofreu do pai e o ódio que sentia da mãe; como a protagonista fazia para pagar suas contas sem o aporte da família e sem fazer nada o dia inteiro; qual o desfecho para Elisa, que inesperadamente aparece grávida, algo impensável para sua personalidade e para suas vontades.
Já listando os momentos constrangedores do livro, estão o medo de Ana de possuir HIV e ser uma “aidética”, e o seu envolvimento instantâneo por um rapaz que a hospeda em sua casa, após mais uma briga com seu namorado Jaime.
Talvez por ser um livro de estreia, a autora apresenta uma obra que não deixa claro qual o seu objetivo. E impulsionado pela expectativa de ser Fernanda Young, o leitor acaba se decepcionando ao final.

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