Ausência de afeto, tensões raciais e capitalismo marcam o livro de estreia da escritora americana
Quando nenhuma das suas relações amorosas possui êxito; quando você vem de uma família completamente disfuncional; quando você não possui nenhum amigo; e quando você está em um emprego que deixa claro que você foi escolhido apenas para preencher uma cota. Qual a forma de se sentir minimamente tocado e desejado se não pelo sexo? Em “Luxúria”, a protagonista Edie fala das suas incontáveis transas com homens idiotas na busca de sentir algum tipo de prazer, que na verdade não vem.
Negra e filha de uma mãe ex-viciada em drogas que se suicidou e de um pai que ela só soube do falecimento pelas redes sociais, Edie vive em um quarto infestado de baratas e ratos, e divide seu dia entre o trabalho mal remunerado em uma editora, sua tentativa de voltar a pintar e seu novo caso amoroso com Eric, um homem branco de meia-idade que possui um casamento aberto com Rebecca.
Apesar de narrar o seu encantamento com Eric, Edie confessa que após vários encontros a sua frustração na performance sexual desse homem a leva a várias horas ininterruptas de masturbação. Ainda assim, a paixão persiste e quando Eric para de responder as mensagens, Edie toma coragem e vai até a casa dele buscando retomar a relação.
A ida de Edie à casa de Eric marca também o seu encontro com Rebecca, a esposa, e também com Akila, a filha negra adotada do casal. Quando Edie é demitida do emprego na editora, ela vai morar por tempo indeterminado na casa dessa família, a convite unicamente de Rebecca.
A partir da mudança, cria-se uma relação interessantíssima entre Edie e Rebecca. Ao mesmo tempo em que Rebecca rejeita Edie e deixa claro que sua estadia na casa é temporária, existe uma admiração e um cuidado entre as duas, e quando Edie conhece Akila, que também é negra, percebe que Rebecca precisa dela ali.
Uma história incrível onde são abordados vários assuntos relevantes com o tom completamente peculiar e cômico da protagonista Edie, que com toda a sua vontade de comer o mundo, também está, como ela mesma diz, sempre preparada para morrer.

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