“Consequences” mostra uma masculinidade que precisa ser provada a todo o momento

Primeiro filme esloveno de temática LGBT é um bom estudo sobre a manifestação da violência para sobreviver em um território


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Primeiro filme esloveno de temática LGBT é um bom estudo sobre a manifestação da violência para sobreviver em um território

Às vezes sinto que fiz uma boa escolha tendo sido um garoto de 17 anos que só ficava em casa ouvindo Björk, The Knife e outros artistas que foram consagrados quando eu nem era alfabetizado. Quando se juntam, adolescentes mostram como a juventude pode ser patética.

Em “Consequences”, todos são odiáveis. O protagonista Andrej, um adolescente que não estuda, não trabalha e apresenta desvios de conduta, é levado a um centro de detenção infantil para ser reeducado para posteriormente ser reinserido na sociedade. A sua ida ao centro não é por determinação apenas judiciária, possuindo também apoio dos seus próprios pais.

Dentro da detenção, Andrej precisa demonstrar potência para conquistar um grupo que domina todos os jovens daquela detenção e o seu líder informal Zele. Para isso, Andrej usa sua força em um dos membros; resolve surpreender com quantas barras consegue levantar na academia; e até concorda em cometer furtos e assaltos a mando do seu líder.

É justamente pelo líder Zele que Andrej se sente atraído, ao passo de que todos os seus atos, além de servirem para seu ingresso ao grupo dos dominadores, são também para conquistar esse novo desejo que ele encontrou. Os dois de fato se envolvem rapidamente e de uma forma inesperada, e aparentemente o diretor Darko Stante estava decidido a fugir dos clichês. E ele de fato conseguiu.

Apesar de ter desperdiçado muitas narrativas em potencial, como a causa de Andrej ter chegado até ali e qual a sua relação com seu pai, que deixa o expectador muito curioso, “Consequences” foge do romance batido onde homens se apaixonam e precisam lutar contra sua homofobia interna e contra os julgamentos que os cercam.

Aqui a obra vai por uma narrativa mais brutal, afastando-se das dezenas de filmes LGBTs que ganharam destaque recentemente, como “Call Me By Your Name” e “Boy Erased”. No filme esloveno, o expectador fica apreensivo e incomodado a todo o momento, em um contexto de extrema violência, dominação e transgressão que se manifestam em uma masculinidade que precisa ser provada a todo o momento, e que se mostra imparável diante da incapacidade de instituições que deveriam detê-la.

O encerramento da obra casa perfeitamente com o que o filme já vinha mostrando durante toda a história, e dessa forma, como um impulso de sobrevivência, acaba sendo muito satisfatório.

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