Filme pode soar tosco para os desatentos, e mais brilhante do que realmente é para os minuciosos
Ben e Andrew são dois amigos de faculdade que se encontram após 10 anos. Desde a última vez que se viram, a vida dos dois tomou rumos diferentes, com Ben tendo se casado, possuindo um emprego estável e planejando ter um filho; e Andrew tendo decidido ser um mochileiro que flerta com o hedonismo e que segue seu destino com a regra da instabilidade. Heterossexuais, em uma festa na casa de uma amiga de Andrew ambos decidem fazer um pornô caseiro gay e submeter a obra ao Humpfest, festival de filmes dessa categoria.
É indescritível o quão bizarra é essa decisão partindo da investigação para entender o que eles querem provar. Basicamente, é uma redenção de Andrew, que sempre se viu como alguém de ‘mente aberta’, mas que nunca ficou com um homem; e uma tentativa de Ben em mostrar que apesar de ter escolhido se casar e ter filhos, não é esse estereótipo do homem de família. Claro que essas conclusões foram tiradas de uma investigação estética que esse autor que vos escreve fez da obra. No filme, Ben e Andrew alegam que a motivação do pornô é o desejo deles de produzir uma obra de arte, mesmo que talvez no fundo eles entendam que a ideia é um tanto quanto imbecil.
Ponto interessante do filme, existe um certo conflito sobre o que seria uma liberdade enquanto espaço físico e o que seria uma liberdade enquanto uma força metafísica. Pode-se dizer que Ben, que escolheu ter uma residência fixa é menos livre do que Andrew, que passa estadias em vários lugares? Acredito que não. Para ser sincero, acredito que seja muito possível se casar, ter filhos, ter um cachorro porte médio e morar no Buritis e ainda assim ser uma pessoa livre. O próprio personagem Andrew desabafa que sente como se todas as pessoas pudessem escolher viver como ele (viajando, indo a festas), mas ele não poderia por si próprio escolher ter a vida delas (se aprofundar em um relacionamento, ter alguém que o espera quando ele volta para casa).
O filme provavelmente soará apenas tosco para os mais desatentos, ou talvez para os mais minuciosos ele soe até mais brilhante do que realmente é. Toda a história meio sem sentido esconde também uma relação de amizade belíssima entre os dois personagens, proporcionando momentos de conversas interessantes e aconchegantes para quem assiste.
Não é uma obra de arte, longe disso. Mas consegue cumprir o seu papel de ser uma obra que serve para ser assistida naqueles dias que você acorda cedo demais para um sábado e quer se entreter em algo que não te faça pensar muito.

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