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Filmaço dirigido por Eytan Fox aborda na medida certa um romance entre diferentes gerações


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Filmaço dirigido por Eytan Fox aborda na medida certa um romance entre diferentes gerações

Michael é um escritor de meia idade do New York Times que chega a Tel Aviv para escrever quais as suas impressões sobre a cidade que irá morar por apenas cinco dias. Na sua passagem por Israel, ele aluga o apartamento de Tomer, um jovem estudante de cinema que precisa de dinheiro. Além de alugar sua casa, Tomer acaba aceitando o papel de guia turístico para Michael conhecer Tel Aviv e escrever sobre a cidade para além dos clichês.

O protagonista, em um relacionamento duradouro e meio morno com outro homem, se vê atingido por afetos até então esquecidos ao se envolver com Tomer. Esse segundo, embora apresente uma postura cínica sobre as relações amorosas, também vai se envolvendo ao longo do filme.

Um grande acerto da obra é não utilizar a fórmula do homem tímido que se apaixona por um homem mais libertino e blasé. Michael e Tomer são muito diferentes, até por serem de gerações distintas, mas a maturidade e o autoconhecimento de Michael se contrapõe perfeitamente ao cinismo de Tomer, próprio de jovens que nasceram ontem e que pensam que sabem de tudo.

Quando Tomer tenta fazer piada pelo Michael ser romântico e gostar de musicais, algo que ele diz ser um estereótipo de homossexuais, Michael não é nada abalado, assume o que gosta e ainda pergunta qual seria o problema nisso. Ao longo do filme, por diversas vezes Michael vai se mostrar alguém sensível, mas seguro de si. Tomer também não é tão esnobe assim, e aos poucos Michael vai expondo para ele suas controvérsias.

Após um dia de turismo por Tel Aviv, enquanto se preparam para dormir Tomer decide chamar um rapaz por um aplicativo, uma espécie de Grindr israelense, para fazer sexo a três. Tomer e Michael sequer tinham se beijado até então. Quando o terceiro chega e começa a se pegar com Tomer, Michael decide simplesmente ir dormir.

Essa cena é um marco na obra e possui o potencial de fazer os olhos lacrimejarem. É o conflito perfeito entre um sentimentalismo que não sabe lidar com tamanha luxúria e opta por se retirar. O momento é triste ao mostrar Michael deitado na cama sozinho com sua paixão Tomer transando com alguém na sala.

Apesar disso, os dois irão sim se envolver e tudo acontece como deveria acontecer. É um sexo casual, muito bom para uma noite, mas que, ao final da obra veremos, não é melhor que uma relação duradoura e resiliente.

Muitos não irão gostar do final, mas a maturidade de Michael já dava indícios de como tudo acabaria.

Destaque também para a trilha sonora, onde “One Day” do israelense Asaf Avidan encaixou perfeitamente em um obra que pode ser considerada um dos melhores filmes do gênero.

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