“O que te pertence” até possui um início potente, onde um professor americano residente na Bulgária entra em um banheiro público sob o Palácio Nacional da Cultura de Sófia, um lugar que serve como local de cruising para homens gays, e lá conhece Mitko, um jovem muito atraente que cobra por sexo. O professor se sente muito atraído pelo jovem, que vai até a pia, lava o seu pau do tamanho de uma mangueira e volta para o professor chupar, em uma das cabines do banheiro.
É claro que o professor se apaixona por Mitko e a partir desse episódio ele passa a frequentar mais aquele banheiro público, começa a querer se aproximar do garoto de programa, o leva para a sua casa e até planeja viagens com ele. A história vai mostrando situações nas quais o professor se submete para conseguir a companhia de Mitko.
Ao longo do livro também conhecemos o passado desse professor, como a sua relação complexa com seu pai que não o aceita como homossexual, e seu episódio da infância em que presenciou o garoto que ele gostava transando com uma menina, o que parece ter marcado muito em seu inconsciente, associando o ato sexual com um tipo de humilhação.
No entanto, o protagonista do livro não causa empatia no leitor, e sim, talvez, pena. O professor tem um ar prepotente ao descrever Mitko como um pobre menino iletrado e pobre que não conhecia sequer um celular e um laptop da Apple; quando narra a pobreza e a falta de esperança daquele país em que ele se mudou para dar aulas de inglês; e ao se colocar em um patamar até mesmo superior e inabalável ao se comparar com outros homens que fazem sexo com outros homens e precisam esconder isso de todos.
A escrita não me pegou. Une a isso o fato de eu ser um homem gay e ver minha vida retratada mais uma vez acaba sendo maçante, chato e repetitivo. Não tira os méritos da obra, um livro que ganhou reconhecimento e prêmios ao longo do mundo. Deixo para quem conseguir passar da metade da história.
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