Geisy Arruda não se tornou símbolo feminista porque não pagou de coitada

Há 14 anos Geisy era violentada em sua faculdade Uniban, e mesmo depois de tantos anos segue colhendo antipatia até de quem supostamente deveria acolhê-la

“Sim, sou uma oportunista”, assentiu Geisy Arruda em uma entrevista ao IG em 2015, quando atingida por uma pergunta que só a sua formulação ofenderia boa parte das pessoas. Não só isso, ela prosseguiu dizendo “fiquei famosa por conta de um vestido rosa”, e brincou com os momentos em que quebra as expectativas do público: “é muito engraçado, as pessoas hoje me esperam de vestido rosa. Quando eu não estou vestida de rosa elas ficam frustradas”.

Há 14 anos Geisy foi para a sua aula do curso de turismo na extinta Uniban, em São Bernardo do Campo, com um vestido curto cor de rosa, pois iria para a balada depois da faculdade. A vestimenta causou um alvoroço em seus colegas que praticamente se tornaram animais e, em um efeito manada, foram em direção de Geisy para hostilizá-la e atacá-la fisicamente. A situação ficou tão fora de controle que a PM precisou escoltá-la até a saída da faculdade. O caso ganhou repercussão nacional, Geisy não se abateu e além de ter processado a Uniban e ganhado, aproveitou a exposição na mídia para faturar mais.

Esse episódio aconteceu em um momento em que o feminismo, o patriarcado e a violência contra as mulheres ainda não eram assuntos discutidos como nos dias de hoje. Embora as pessoas tenham se politizado ao longo dos anos, elas continuam não sentindo nenhum tipo de comoção por Geisy Arruda. Sentem até um pouco de raiva, de forma inexplicável, como sentiram aqueles colegas de faculdade que a agrediram na Uniban.

Mas por que uma mulher que foi violentada publicamente e injustamente, ou seja, uma vítima indiscutível da sociedade machista, recebe a antipatia até mesmo de mulheres progressistas? A resposta é simples: porque Geisy Arruda não pagou de coitada.

Desde a violência que Geisy sofreu, ela já posou nua, participou de reality show, fez presença VIP em festas caras, se encheu de plásticas, deu entrevistas para revistas, criou um canal sobre sexo, tornou-se influencer. Geisy fez uma caipirinha com o limão que apareceu em sua frente. Teria se tornado um ícone feminista se tivesse ficado em casa reclusa, chorando, com alguma doença mental após o trauma que sofreu. Mas resolveu tirar proveito da situação.

E não somente pelo seu oportunismo esperto. Geisy também não foi abraçada pelo movimento feminista por ser uma mulher comum, portanto tida como “tosca” e “medíocre”, jamais digna de ocupar um lugar em uma manifestação liderada por mulheres “inteligentes”.

De qualquer forma, Geisy não parece choramingar por não ter o seu reconhecimento no movimento feminista, assim como não ficou chorando após o episódio na Uniban. Ela segue fazendo dinheiro, porque de alguma forma ela sempre será lembrada em nosso imaginário. Esse texto é uma prova disso.

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