A sociedade contemporânea é marcada por diversas transformações que impactam as relações sociais e a forma como as pessoas interagem umas com as outras. Uma dessas transformações é o advento das redes sociais e a possibilidade de monetização dessas plataformas. O OnlyFans é um exemplo de plataforma que permite que pessoas vendam conteúdos exclusivos, incluindo fotos e vídeos explícitos. Embora muitos argumentem que essa prática não é uma forma de prostituição, a análise aprofundada dos elementos que compõem essa prática nos leva a crer que ela, embora conceda mais autonomia e dê a sensação de maior controle a quem está comercializando o seu conteúdo, acaba ainda sendo uma venda do corpo.
Atividade antiga e controversa, a prostituição é realizada por pessoas que trocam serviços sexuais por dinheiro ou bens materiais. É uma atividade que é geralmente associada a uma relação desigual de poder, em que o cliente tem o poder de comprar o corpo do profissional do sexo. A venda de conteúdos explícitos no OnlyFans segue a mesma lógica: o cliente tem o poder de comprar o acesso exclusivo a fotos e vídeos íntimos do profissional do sexo. Pode-se argumentar que a pessoa vende as fotos e vídeos que quiser, mas é como uma jovem prostituta que no começo talvez possa escolher com quem fará o programa, e com o passar do tempo fará o que for preciso pois precisa do dinheiro. Essa relação desigual de poder é uma das características da prostituição, uma vez que coloca o profissional do sexo em uma posição subordinada em relação ao cliente.
Além disso, a prostituição é frequentemente associada à exploração e à opressão das mulheres, que são as principais vítimas dessa prática. A venda de conteúdos explícitos no OnlyFans também reforça essa dinâmica, uma vez que a grande maioria dos profissionais do sexo que vendem conteúdo na plataforma são mulheres. A pressão social e econômica que as mulheres enfrentam em nossa sociedade faz com que muitas recorram à prostituição como forma de sustento, mesmo que isso signifique colocar seu corpo em risco. A venda de conteúdos explícitos no OnlyFans é apenas mais uma forma de exploração das mulheres. Ao invés de um cafetão lucrando em cima delas, existem agora centenas de funcionários de uma startup.
A prostituição também é frequentemente associada à desumanização do profissional do sexo, uma vez que ele é tratado como um objeto a ser comprado e usado. A venda de conteúdos explícitos no OnlyFans segue a mesma lógica, onde os clientes estão comprando acesso exclusivo ao corpo de uma pessoa, como um objeto sem vontade própria ou dignidade.
Outro aspecto da prostituição que é comumente apontado é a sua relação com a criminalidade e a violência. A venda de conteúdos explícitos no OnlyFans também pode estar associada a esses problemas, uma vez que a plataforma é frequentemente usada por traficantes de pessoas e criminosos que exploram a vulnerabilidade dos profissionais do sexo. Além disso, a venda de conteúdos explícitos no OnlyFans pode levar a situações em que os clientes tentam extorquir ou chantagear os profissionais do sexo, ameaçando divulgar seu conteúdo para o público em geral.
Apesar do sentimento de controle, a venda de conteúdos explícitos no OnlyFans não é uma atividade que é realizada em um ambiente seguro ou regulamentado. As pessoas que vendem seus corpos na plataforma podem estar em risco de exposição pública, abuso ou exploração, uma vez que seus conteúdos estão disponíveis na internet para qualquer pessoa com acesso à plataforma.
Embora muitos argumentem que essa prática é diferente da prostituição tradicional porque não envolve contato físico, isso não é necessariamente verdade. A venda de conteúdos explícitos no OnlyFans envolve a venda do corpo do profissional do sexo de uma forma mais sutil e disfarçada, mas a lógica subjacente é a mesma: o cliente está pagando pelo acesso ao corpo do profissional do sexo.