Você provavelmente já presenciou uma conversa entre duas pessoas em que a primeira faz uma afirmação de forma assertiva e a segunda a refuta dizendo “você está generalizando” ou “isso depende”, sem dar uma solução para aquela situação. Uma das características da sociedade pós-moderna é exatamente essa relativização que atinge vários momentos do nosso cotidiano. Embora isso possa parecer uma abordagem aberta e tolerante, pode levar à negação da possibilidade de critérios objetivos de avaliação e à justificação de comportamentos moralmente condenáveis.
O relativismo é um problema filosófico que se refere à ideia de que não há verdades absolutas ou objetivas, mas que todas as verdades são relativas às perspectivas individuais ou culturais. Em outras palavras, o relativismo sustenta que a verdade é subjetiva e depende do contexto, da cultura ou da opinião de cada pessoa. Protágoras, sofista da Grécia Antiga, é sempre lembrado pela famosa frase “o homem é a medida de todas as coisas”, mas embora essa ideia tenha sido defendida por alguns filósofos ao longo da história, ela também tem sido criticada por outros por suas implicações epistemológicas, éticas e políticas. Aqui, vamos explorar o problema do relativismo na filosofia e como ele se manifesta no mundo contemporâneo.
É importante entender que o relativismo pode assumir diferentes formas, dependendo do contexto e do domínio em que é aplicado. Por exemplo, o relativismo cultural afirma que as crenças e práticas de uma cultura não podem ser julgadas com base em padrões externos, mas devem ser avaliadas dentro de seu próprio contexto. Esse tipo de relativismo pode ser problemático porque pode levar a uma tolerância excessiva em relação a práticas culturais que são moralmente condenáveis. Acontece com religiões como o Islamismo, que restringe a liberdade das mulheres, mas que se alguém o critica, pode correr o sério risco de ser taxado de islamofóbico, como se o islã literalmente não pudesse ser criticado.
Do ponto de vista epistemológico, o relativismo afirma que o conhecimento é sempre limitado e condicionado pela perspectiva do sujeito que o produz. Isso significa que não há uma verdade objetiva ou universal, mas apenas perspectivas individuais ou coletivas. Esse tipo de relativismo pode ser problemático porque pode levar à negação da possibilidade de conhecimento objetivo e à rejeição da ciência como um método confiável de investigação.
Além disso, o relativismo também pode ter implicações éticas e políticas. O relativismo moral afirma que não há padrões morais universais, mas que cada cultura ou indivíduo pode ter suas próprias normas morais. Isso pode levar a uma relativização da moralidade e à negação de direitos humanos universais. O relativismo político, por sua vez, diz que não há uma forma correta de governo ou de organização social, mas que cada sociedade deve escolher sua própria forma de governo com base em suas tradições e valores. Isso pode levar à justificação de regimes autoritários ou opressivos em nome da cultura ou da tradição.
Embora a diversidade de perspectivas e culturas deva ser valorizada, a negação da possibilidade de conhecimento objetivo e de padrões morais universais pode levar à promoção da ignorância, da intolerância e da opressão. É importante, portanto, reconhecer os limites do relativismo e buscar uma abordagem que combine a valorização da diversidade com a busca pela verdade objetiva e pelos valores morais universais.
Se não há uma verdade objetiva e universal, como podemos dizer que algo é verdadeiro ou falso? Como podemos fazer afirmações sobre o mundo e sobre nós mesmos, se tudo é relativo e subjetivo? O relativismo leva à ideia de que todas as crenças são igualmente válidas e que não há critérios racionais para avaliar sua veracidade.
Isso significa que não há uma base para o diálogo e a argumentação, uma vez que não há critérios objetivos para avaliar a validade de uma posição. Se não há verdade, então a busca pelo conhecimento não vale a pena, pois ele também não existe. Esse é o problema do relativismo.