Arte, filosofia e loucura


Precisamos de mais filmes como “Mais que amigos”

Dirigido por Nicholas Stoller, filme retrata a dinâmica dos relacionamentos homoafetivos com autenticidade, sensibilidade e ótimo humor


Avatar de Hernandes Matias Junior

Se você é um homem que se relaciona com outros homens, provavelmente já passou pela torturante situação de estar saindo com alguém e, mesmo vocês dois aparentemente se gostando mutuamente, a relação não avança e não se solidifica. Isso acontece porque no mundo contemporâneo a oferta no mercado dos afetos é muito maior que a nossa demanda, e, diante disso, entrar em um relacionamento monogâmico com uma pessoa passa a ser lido como um prejuízo, pois você está deixando de transar com outras dez. É nessa estranha situação de querer-não-querer o outro que se passa “Mais que amigos”.

Dirigido por Nicholas Stoller, o filme acerta o tom da comédia romântica ao contar a história de Bobby e Aaron. A história começa em um clube gay, onde os dois protagonistas se encontram e, apesar de suas diferenças, formam uma conexão inesperada. A trama se desdobra com uma mistura de humor e sensibilidade, explorando temas de identidade, família e a complexidade dos relacionamentos homossexuais.

O elenco, composto por atores LGBTQIAPN+, traz uma representação autêntica e necessária, destacando-se pelas atuações dos protagonistas: a química entre Bobby e Aaron é um dos pontos altos do filme, proporcionando momentos de genuína emoção e ternura. O espectador de fato torce pelo casal.

A direção de Stoller é notável, equilibrando com habilidade os momentos cômicos com os dramáticos, criando uma narrativa que é ao mesmo tempo envolvente e reflexiva; ágil e sensível. A direção de arte e a trilha sonora complementam o cenário urbano vibrante e sua atmosfera, respectivamente, enriquecendo a experiência do espectador.

Em sua essência, “Mais que amigos” não apenas entretém, mas também oferece uma perspectiva interessante sobre a a dinâmica dos relacionamentos homoafetivos, a sua difícil consolidação e a sua também difícil manutenção: parece que por qualquer motivo, tudo pode acabar. É uma história que ressoa com muitos, sendo muito difícil não se ver em um dos protagonistas.

“Mais que Amigos” é um filme que merece reconhecimento por sua abordagem sincera e inovadora de temas frequentemente marginalizados: depois que um homem gay sai do armário, consegue sua independência e está bem com sua sexualidade, quais outros problemas ele enfrenta? Com uma combinação perfeita de humor, emoção e representatividade, o filme é uma adição valiosa ao gênero e um marco para a visibilidade LGBTQIAPN+ no cinema.


“Mais que amigos”, Nicholas Stoller

Disponível no Globoplay

Avaliação: 5 de 5.

Deixe um comentário

Comments (

0

)

Site desenvolvido com WordPress.com.