Melhor e pior de 2023: “Submissão” expõe decadência do homem ocidental; “O filósofo no porta-luvas” parece um artigo publicado em uma revista científica que ninguém lê



Melhor livro de 2023: ‘Submissão’, Michel Houellebecq

François, protagonista de “Submissão”, é um professor especialista na literatura de Joris-Karl Huysmans da Universidade Paris-Sorbonne que leva sua vida praticamente em paralelo a efervescência política do seu país. O protagonista por si só pode ser um objeto interessante para uma análise mais aprofundada. Trata-se de um acadêmico que passou a vida inteira na universidade desde a graduação até o doutorado, e que nunca teve um emprego no mercado de trabalho. Tendo vivido de bolsas de auxílio financeiro durante mais de uma década, depois de formado e com um diploma na mão, ele se vê obrigado a trabalhar e, claro, tornar-se professor e continuar na academia foi a forma mais fácil e cômoda que ele conseguiu para poder ter um salário e pagar suas contas. Aqui vemos a representação dos intelectuais acadêmicos que viveram em um reduto cômodo por toda sua vida adulta e que de dentro dessa bolha decide optar sobre os assuntos que estão fora dela. Na casa dos 40 anos, François é um tipo de personagem já visto em “Partículas Elementares” e que aparentemente também aparece em outros livros do Michel Houellebecq: trata-se de um homem pós-moderno, descrente e solitário, longe da família e incapaz de manter uma relação que vai além do sexo casual. A falta de sentido faz com que esse homem pense que aos 40 anos a sua vida já acabou. CONTINUAR LENDO


Pior livro de 2023: ‘O filósofo no porta-luvas’, Juliano Garcia Pessanha

É uma história que poderia ser interessante, mas que naufragou nas decisões tomadas por Juliano Garcia Pessanha. “O filósofo no porta-luvas” tem uma escrita difícil, técnica, repetitiva e que parece ter sido destinada apenas para os pares do autor, excluindo a possibilidade da obra ser lida por alguém que não tem tanto repertório filosófico. São tantos os momentos em que o autor repete termos técnicos da filosofia que confesso que cheguei a revirar os olhos com pouca paciência. CONTINUAR LENDO

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