“The Fluffer” é ótimo para entreter

Com a popularização de disciplinas como a Filosofia e a Psicanálise, tem sido cada vez mais comum um filme ser julgado bom apenas quando ele possui “algo por trás”, algum estofo que sirva para o espectador fazer sua análise selvagem, desvendando e até tirando conclusões para além do que foi desejado pelo diretor. Mas todo filme precisa necessariamente ter essa densidade? Eu acredito que não. Assim como Susan Sontag, acredito que uma obra não precisa de uma hermenêutica, e sim de uma erótica.

“The Fluffer” é a prova de que um filme pode ser bom apenas por entregar o entretenimento que ele se propôs. A história começa quando Sean, um jovem tímido e aspirante a cineasta, aluga por engano o filme pornográfico “Citizen Cum” ao invés do clássico “Cidadão Kane”. Este erro o leva a conhecer Johnny, o protagonista do filme pornográfico, um homem que talvez poderia ser a imagem que todos pensam quando falamos em virilidade.

Encantado e obcecado por Johnny, Sean muda-se para Hollywood determinado a se aproximar de seu ídolo, que ele acredita ser gay. No entanto, Johnny é heterossexual e sua principal motivação é o dinheiro. Mesmo assim, Sean, que até então se considerava bissexual sem nunca ter se sentido atraído pelo sexo oposto, descobre-se completamente gay e apaixonado por Johnny.

Para ficar perto de Johnny, Sean começa a trabalhar como cameraman nos sets de filmagens pornográficas. Sua dedicação e habilidade o levam a ganhar a confiança de Johnny, tornando-se seu “fluffer” – aquele que prepara o ator para as cenas de sexo explícito, normalmente fazendo sexo oral para que o ator tenha a ereção ideal para a penetração. Apesar de adorar seu trabalho e a proximidade com Johnny, Sean logo percebe que sua obsessão não será correspondida para além do que ele faz ajoelhado.

Daí desenha-se a situação em que o protagonista gay tem um amor não correspondido por um hétero. No entanto, “The Fluffer” é divertido e consegue mostrar essa frustração do protagonista, assim como bastidores grotesco da indústria pornográfica, de uma forma que cativa, que entretém, se tornando um filme ideal para quando você não quer pensar.

“The Fluffer”, Richard Glatzer e Wash Westmoreland

Disponível no Stremio