No livro de João Ubaldo Ribeiro sobre a luxúria, o sexo recreativo é explorado do começo ao fim, não existindo espaço para muitos sentimentos
Existe uma história de que quando divulgou-se a notícia de que a Editora Objetiva estava produzindo uma série chamada “Plenos Pecados” e que João Ubaldo Ribeiro ficou responsável pela luxúria, uma mulher sexagenária, nascida na Bahia mas residente no Rio de Janeiro, resolveu enviar fitas para o autor, contando sobre suas experiências sexuais conquistadas sem nenhum pudor.
A obra repleta de oralidade faz fluir suas escritas definitivamente como uma conversa. A baiana nos dá ínfimas informações sobre como e quando, onde e quem comeu ou deixou de comer. E também quem lhe comeu ou quis comer e ela não quis dar. A história é um pêndulo entre o comer e o ser comido.
Incesto, zoofilia, ménage, swing, orgia, estupro e chemsex. Tudo soa natural para essa baiana que diz que quem peca é aquele que não faz o que foi criado para fazer.
A vida como ela é
Embora as experiências sexuais sejam intragáveis se comparado ao conservadorismo na sociedade, não me senti impressionado. Talvez eu tenha me frustrado porque como A Casa dos Budas Ditosos conseguiu um aclamação inesperada, fui com muitas expectativas que ao final do livro não foram atendidas.
Pouco fala-se que a protagonista talvez seja uma ninfomaníaca, o que me parece plausível. Senti falta de um pouco mais de sensibilidade na história e gostaria de saber qual o outro lado, o nem tão prazeroso, de ter essa libido tão agressiva. O livro faz parecer que é tudo uma grande Amsterdã.
Ilustração de capa: Kim Ellen.
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