Filme do diretor finlandês Jukka-Pekka Valkeapää é ousado, estranho e original
Logo no primeiro ato “Dogs Don’t Wear Pants”(2019) começa traumático. Em uma casa de veraneio com a família, Juha acorda com sua filha Elli chorando e logo percebe que algo aconteceu com a sua esposa. Visto que a esposa e Elli estavam à beira do lago na última vez que ele as viu antes de ir dormir, Juha corre para tentar encontrar a companheira que provavelmente tinha se afogado, o que de fato aconteceu. Ele só não consegue salvá-la, como também quando se afoga. Porém, a imagem do corpo da esposa preso em uma rede de pescar no fundo do lago o marca em definitivo.
Anos depois, Juha, em uma ida a um estúdio onde sua filha coloria um piercing na língua, acaba se perdendo no prédio e entrando em um espaço de trabalho de uma dominatrix chamada Mona. O encontro não programado gera faíscas, desperta um interesse até então silencioso em Juha e é o pontapé para o desenrolar do filme.
É um tema muito original pois Juha consegue encontrar no BDSM um meio de se conectar ao passado da morte da esposa e finalmente superar o episódio. Ele entra, por meio da asfixia proporcionada por Mona, em uma experiência de quase morte em que visualiza toda a terrível tragédia que acontecera.
As coisas saem dos trilhos quando Juha acaba pedindo mais a Mona, que o que ultrapassa o que o corpo aguenta, e isso gera um conflito entre os dois. Mona, inclusive, é uma personagem interessantíssima, onde no filme é explorada suas duas personalidades: a dominadora, quando está em seu espaço de trabalho domando os homens que ela mesma chama de “cachorros”, e a personalidade mais reclusa e desconfiada, presente em seu dia-a-dia como profissional de fisioterapia.
Surpreendentemente surge uma paixão meio confusa entre Juha e Mona. Enquanto o primeiro inicia os passos nessa subcultura e tenta provar para Mona que ele é um membro da tribo dela, Mona segue desconfiada não sabendo lidar com o que ela vem sentindo em relação àquele homem.
Filme com momentos indigestos, com uma ótima fotografia e trilha sonora interessante que entra para uma lista imaginária de imperdíveis.

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