O homem branco é a nova serpente do jardim do Éden

Antes detentor do poder e representação máxima da normalidade, ele agora carrega o peso das críticas e é colocado sob a lupa da desconstrução

O homem branco é a nova serpente do jardim do Éden

Antes detentor do poder e representação máxima da normalidade, ele agora carrega o peso das críticas e é colocado sob a lupa da desconstrução

Avatar de Hernandes Matias Junior

Num enredo que se desenrola pelas galerias do tempo, observamos a mulher, ao longo da história das artes, traçando sua presença de forma intrigante e, muitas vezes, traiçoeira. As telas se tornaram palcos onde a feminilidade era pintada com tintas de suspeita, revelando um universo de representações onde a mulher era a maestrina das artimanhas.

Em tempos antigos, onde os pincéis eram as ferramentas que desenhavam os contornos da narrativa visual, a mulher frequentemente emergia como a arquiteta da desconfiança. Nas obras clássicas, como “Judite Decapitando Holofernes”, de Caravaggio, testemunhamos a feminilidade como protagonista de uma traição sangrenta, uma trama onde a delicadeza era substituída por uma destreza letal.

A mitologia, outra fonte rica de inspiração artística, nos presenteou com figuras femininas como Medeia, que, em sua busca por vingança, traía até mesmo sua própria descendência. A dualidade da mulher como mãe e algoz era explorada, deixando para trás um rastro de desconfiança que ecoa através dos séculos.

Em Shakespeare, encontramos em “Otelo” a intrigante personagem de Desdêmona, cuja lealdade é posta em xeque, tornando-se peça central de uma trama em que a mulher é retratada como a causadora de desventuras. As artes, em sua diversidade, perpetuaram essa representação, oferecendo-nos visões em que a feminilidade era envolta em mistério e traição.

Contudo, ao observar o palco contemporâneo, somos confrontados com uma virada irônica. O roteiro parece ter mudado, e a mulher, antes vista como arquiteta da desconfiança, assiste à cena enquanto o homem branco se torna o protagonista de suspeitas e questionamentos.

Neste capítulo pós-moderno, onde as correntes da esquerda e o movimento woke influenciam o discurso cultural, a figura do homem branco emerge como o novo vilão. Antes detentor do poder e representação máxima da normalidade, ele agora carrega o peso das críticas e é colocado sob a lupa da desconstrução.

A opinião pública, antes focada na suspeição feminina, agora parecem inclinar-se para uma narrativa que expõe as fragilidades do homem branco. Em meio às tentativas de desconstrução, o que antes era protagonista assume o papel de antagonista, desafiando as convenções estabelecidas. O homem branco passou a ser visto como um inimigo, traiçoeiro, que esconde motivações obscuras por trás de suas ações.

A ironia persiste, tecendo uma trama intrincada que nos lembra da fluidez das representações, onde o vilão de hoje pode ser o herói de amanhã, e vice-versa, num ciclo perpétuo de interpretações culturais. Tudo parece ser uma eterna repetição.

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Num enredo que se desenrola pelas galerias do tempo, observamos a mulher, ao longo da história das artes, traçando sua presença de forma intrigante e, muitas vezes, traiçoeira. As telas se tornaram palcos onde a feminilidade era pintada com tintas de suspeita, revelando um universo de representações onde a mulher era a maestrina das artimanhas.

Em tempos antigos, onde os pincéis eram as ferramentas que desenhavam os contornos da narrativa visual, a mulher frequentemente emergia como a arquiteta da desconfiança. Nas obras clássicas, como “Judite Decapitando Holofernes”, de Caravaggio, testemunhamos a feminilidade como protagonista de uma traição sangrenta, uma trama onde a delicadeza era substituída por uma destreza letal.

A mitologia, outra fonte rica de inspiração artística, nos presenteou com figuras femininas como Medeia, que, em sua busca por vingança, traía até mesmo sua própria descendência. A dualidade da mulher como mãe e algoz era explorada, deixando para trás um rastro de desconfiança que ecoa através dos séculos.

Em Shakespeare, encontramos em “Otelo” a intrigante personagem de Desdêmona, cuja lealdade é posta em xeque, tornando-se peça central de uma trama em que a mulher é retratada como a causadora de desventuras. As artes, em sua diversidade, perpetuaram essa representação, oferecendo-nos visões em que a feminilidade era envolta em mistério e traição.

Contudo, ao observar o palco contemporâneo, somos confrontados com uma virada irônica. O roteiro parece ter mudado, e a mulher, antes vista como arquiteta da desconfiança, assiste à cena enquanto o homem branco se torna o protagonista de suspeitas e questionamentos.

Neste capítulo pós-moderno, onde as correntes da esquerda e o movimento woke influenciam o discurso cultural, a figura do homem branco emerge como o novo vilão. Antes detentor do poder e representação máxima da normalidade, ele agora carrega o peso das críticas e é colocado sob a lupa da desconstrução.

A opinião pública, antes focada na suspeição feminina, agora parecem inclinar-se para uma narrativa que expõe as fragilidades do homem branco. Em meio às tentativas de desconstrução, o que antes era protagonista assume o papel de antagonista, desafiando as convenções estabelecidas. O homem branco passou a ser visto como um inimigo, traiçoeiro, que esconde motivações obscuras por trás de suas ações.

A ironia persiste, tecendo uma trama intrincada que nos lembra da fluidez das representações, onde o vilão de hoje pode ser o herói de amanhã, e vice-versa, num ciclo perpétuo de interpretações culturais. Tudo parece ser uma eterna repetição.

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