“Crash: Estranhos Prazeres” é tudo o que os fãs de filmes bizarros querem

FIlme explora o fetiche por acidentes de carro, desafiando as normas do desejo humano de forma perturbadora

crash estranhos prazeres

“Crash: Estranhos Prazeres” é tudo o que os fãs de filmes bizarros querem

FIlme explora o fetiche por acidentes de carro, desafiando as normas do desejo humano de forma perturbadora

Avatar de Hernandes Matias Junior

Em “Crash”, de David Cronenberg, somos apresentados a um grupo de indivíduos que compartilham um fetiche muito singular, mas paradoxalmente inexistente na realidade: a excitação sexual provocada por acidentes de carro. Apesar do tema parecer bizarro e inverossímil demais, Cronenberg consegue dar profundidade e criar uma jornada através das mentes obscuras e complexas daqueles que são cativados por uma psicopatologia que desafia as normas convencionais do desejo humano.

No centro da narrativa está o casal Catherine e James Ballard, cujo casamento parece ser alimentado pela busca conjunta por experiências de risco e transgressão. Após um acidente de carro que deixa James gravemente ferido, ele se envolve em um relacionamento intenso e carregado de erotismo com Helen, uma mulher que também esteve envolvida no acidente. A atração entre eles não é apenas física, mas simboliza uma busca compartilhada por emoções extremas e perigosas.

O filme nos apresenta também a figura enigmática de Vaughan, talvez a personagem mais interessante, um fotógrafo obcecado pela recriação de acidentes famosos, cujo estilo de vida é permeado pela obsessão pelo choque e pela morte. Sua relação com Gabriella, uma mulher que sofreu graves lesões em um acidente de carro, parece ser uma exploração sombria da conexão entre eros e thanatos.

“Crash” é brilhante ao nos levar para um território desconhecido e provocativo. Cronenberg apresenta cenas de sexo que transcendem o mero erotismo, explorando os limites da psique humana e as fronteiras entre prazer e autodestruição. O filme não busca excitar o espectador de maneira convencional, mas sim desafiá-lo a confrontar suas próprias noções de desejo e moralidade. Provavelmente o espectador ficará excitado com algo que ele jamais esperaria.

A abordagem visual de Cronenberg é fria e distante, destacando a natureza alienada e quase mecânica dos encontros sexuais entre os personagens. As cenas de acidentes de carro são retratadas com um realismo cru, evocando uma sensação de horror e fascínio simultâneos. Este não é um filme para os fracos ou os facilmente chocados; é uma experiência profundamente perturbadora.

Ao final, “Crash” é um filme que se recusa a ser facilmente classificado ou compreendido, desafiando-nos a confrontar o desconforto, a ambiguidade e o tesão que fazem parte da alma humana.


“Crash”, David Cronenberg

Disponível no Stremio

Avaliação: 5 de 5.

Publicado em:

Tempo para ler:

2 minutos
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Em “Crash”, de David Cronenberg, somos apresentados a um grupo de indivíduos que compartilham um fetiche muito singular, mas paradoxalmente inexistente na realidade: a excitação sexual provocada por acidentes de carro. Apesar do tema parecer bizarro e inverossímil demais, Cronenberg consegue dar profundidade e criar uma jornada através das mentes obscuras e complexas daqueles que são cativados por uma psicopatologia que desafia as normas convencionais do desejo humano.

No centro da narrativa está o casal Catherine e James Ballard, cujo casamento parece ser alimentado pela busca conjunta por experiências de risco e transgressão. Após um acidente de carro que deixa James gravemente ferido, ele se envolve em um relacionamento intenso e carregado de erotismo com Helen, uma mulher que também esteve envolvida no acidente. A atração entre eles não é apenas física, mas simboliza uma busca compartilhada por emoções extremas e perigosas.

O filme nos apresenta também a figura enigmática de Vaughan, talvez a personagem mais interessante, um fotógrafo obcecado pela recriação de acidentes famosos, cujo estilo de vida é permeado pela obsessão pelo choque e pela morte. Sua relação com Gabriella, uma mulher que sofreu graves lesões em um acidente de carro, parece ser uma exploração sombria da conexão entre eros e thanatos.

“Crash” é brilhante ao nos levar para um território desconhecido e provocativo. Cronenberg apresenta cenas de sexo que transcendem o mero erotismo, explorando os limites da psique humana e as fronteiras entre prazer e autodestruição. O filme não busca excitar o espectador de maneira convencional, mas sim desafiá-lo a confrontar suas próprias noções de desejo e moralidade. Provavelmente o espectador ficará excitado com algo que ele jamais esperaria.

A abordagem visual de Cronenberg é fria e distante, destacando a natureza alienada e quase mecânica dos encontros sexuais entre os personagens. As cenas de acidentes de carro são retratadas com um realismo cru, evocando uma sensação de horror e fascínio simultâneos. Este não é um filme para os fracos ou os facilmente chocados; é uma experiência profundamente perturbadora.

Ao final, “Crash” é um filme que se recusa a ser facilmente classificado ou compreendido, desafiando-nos a confrontar o desconforto, a ambiguidade e o tesão que fazem parte da alma humana.


“Crash”, David Cronenberg

Disponível no Stremio

Avaliação: 5 de 5.

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