DREAM BOAT

“Dream Boat” humaniza os hedonistas

Documentário retrata a atmosfera complexa em um cruzeiro exclusivo para homens gays


Avatar de Hernandes Matias Junior

Há alguns anos, viralizou nas redes sociais o cruzeiro exclusivo para homens gays chamado “Hell and Heaven”, com saída e retorno na cidade de Santos, litoral paulista. Vídeos de homens totalmente nus, transando com outras pessoas ao redor e usando drogas foram muito compartilhados no Twitter. Inclusive, houve o relato de um gay tentando embarcar no cruzeiro com um micro-ondas, possivelmente para preparar droga para usar durante a viagem.

A enorme repercussão que o cruzeiro gay ganhou faz sentido pelo que ele apresenta. Afinal, como é de fato embarcar em uma viagem dessas e quais os tipos de seus frequentadores? O filme documentário “Dream Boat”, do diretor Tristan Ferland Milewski, parece conseguir capturar pontos interessantes que respondem a essas e outras perguntas.

Logo no início, somos transportados para o luxuoso navio onde os passageiros embarcam, e imediatamente somos envolvidos pela atmosfera de celebração e liberdade. Os sorrisos entusiasmados e os abraços calorosos são apenas o prelúdio para o que está por vir. À medida que a câmera passeia pela multidão internacional, somos apresentados a uma variedade de personagens fascinantes, com carisma o suficiente para fazer com que nós nos apeguemos a eles.

Apesar das várias cenas de festas e de ficar evidente de que aqueles homens estão muito felizes de poderem estar em um lugar em que podem se expressar sem represálias, “Dream Boat” vai além. Milewski não hesita em abordar questões profundas que permeiam a comunidade, incluindo amor, status do H.I.V. e a obsessão pela aparência dentro da cultura gay. Ele questiona as normas culturais e as expectativas que moldam a experiência desses homens, provocando reflexões essenciais sobre diversidade e inclusão.

Uma das características mais marcantes do documentário é a maneira como Milewski equilibra as cenas mais leves com as entrevistas mais intensas. Enquanto nos envolvemos em corridas de salto alto ao redor da piscina e festas dançantes noturnas, somos confrontados com as vozes sinceras dos homens que compartilham suas esperanças, medos e desejos mais profundos. Essa intercalação de momentos efêmeros de alegria com reflexões introspectivas cria uma narrativa envolvente e dinâmica que mantém o público cativado do início ao fim.

No entanto, é evidente que há uma tensão subjacente entre o desejo do diretor de explorar questões mais substanciais e a necessidade de entretenimento e escapismo. Em alguns momentos, essa tensão se manifesta na diluição da intensidade emocional, especialmente quando confrontada com a solidão e o medo da rejeição que alguns dos homens enfrentam. Ainda assim, essa é uma crítica menor em comparação com a riqueza de perspectivas e experiências que o documentário oferece.

“Dream Boat” acaba se tornando um convite para mergulhar de cabeça em um mundo vibrante e complexo, onde a busca pelo amor e pela aceitação se entrelaça com a busca pela autenticidade e pela conexão humana. Uma obra que humaniza os hedonistas.


“Dream Boat”, Tristan Ferland Milewski

Disponível no Stremio

Avaliação: 4 de 5.

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  1. Anônimo

    OOOO

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